A teoria da Inovação Disruptiva de Clayton Christensen e Michel Raynor é uma abordagem para compreender como as empresas devem lidar com mudanças disruptivas no mercado. Eles argumentam que as empresas bem estabelecidas são frequentemente superadas por empresas inovadoras que oferecem soluções mais acessíveis, fáceis de usar e eficientes para os clientes.
A teoria afirma que essas mudanças disruptivas geralmente começam nas pontas inferiores do mercado, oferecendo soluções para mercados de nicho ou mercados emergentes, onde as expectativas e as necessidades dos clientes são diferentes das dos clientes dos mercados estabelecidos. Nestes mercados, as empresas disruptivas têm a oportunidade de experimentar e aperfeiçoar suas soluções, tornando-as mais atraentes para clientes em mercados maiores e mais estabelecidos. Assim, os mercados de nicho e emergentes podem ser vistos como laboratórios para o desenvolvimento de novos modelos de negócios e soluções inovadoras, podem fornecer informações valiosas sobre tendências e mudanças futuras no mercado.
Christensen aponta que as empresas estão sujeitas a "conquistar ou morrer" em um ambiente de mudanças disruptivas. Ele argumenta que as empresas estabelecidas muitas vezes falham em responder adequadamente às forças disruptivas, pois estão presas a modelos de negócios existentes e não conseguem enxergar as novas oportunidades que estão surgindo.
A essência da teoria da inovação disruptiva é que as empresas devem estar preparadas para mudar suas estratégias de negócios, cultura e modelos de negócios quando as forças disruptivas ameaçarem sua posição no mercado. Isso envolve a capacidade de ser inovador, adaptar-se a mudanças e ter visão de futuro para identificar tendências e oportunidades. Além disso, a teoria destaca a importância de se concentrar nas necessidades dos clientes e de se manter atualizado sobre as tendências do mercado.
Um caso de estudo de empresas que não conseguiram se adaptar às forças disruptivas e acabaram falhando é o da Kodak, a gigante da fotografia que não conseguiu se adaptar à mudança disruptiva da fotografia digital. De acordo com Christensen, a Kodak foi vítima de seu próprio sucesso, pois estava presa a seu modelo de negócios bem-sucedido baseado em filmes fotográficos. Quando a tecnologia da fotografia digital começou a surgir, a Kodak não conseguiu enxergar a ameaça e não investiu na nova tecnologia, aliás que eles mesmos inventaram. Em vez disso, a empresa continuou a apoiar seu modelo de negócios estabelecido, o que levou ao seu eventual fracasso.
Um exemplo de adaptabilidade é o da BHP Billiton. É uma empresa de mineração global com operações em vários países, incluindo Austrália, América do Sul e África. A empresa tem uma variedade de modelos de negócios, incluindo mineração de minério de ferro, níquel, cobre, alumínio, petróleo e gás natural. Eles tem um histórico de adaptação a novas forças disruptivas e mudanças no mercado, o que a torna uma empresa bem-sucedida e relevante. Por exemplo, a empresa reconheceu a mudança disruptiva na demanda por energias renováveis e começou a investir em fontes de energia alternativas, como eólica e solar. A empresa também tem se envolvido em projetos de mineração de cobre, Litio e outros metais críticos, reconhecendo a crescente demanda por tecnologias eletrônicas e veículos elétricos. Tem feito explicito e demonstrado um forte compromisso com a responsabilidade social e ambiental, incluindo ações para reduzir seu impacto ambiental e melhorar a qualidade de vida das comunidades nas áreas onde atua. Isso ajuda a mantê-la relevante e apropriada às mudanças nas expectativas do mercado e da sociedade.
Se a relevância é a nova vantagem competitiva, e como vimos as sinais fracas são a chave, como podemos aumentar nossa capacidade de interpretação e e com isso construir planos para manter a relevância do negócio?
A forças disruptivas são tecnologias emergentes, mudanças regulatórias, mudanças na demanda do consumidor e outros fatores podem impactar a dinâmica de mercado e mudar as regras do jogo, porque simplesmente podem mudar a relevância das proposta de valor.
As empresas devem mapear e se antecipar á esse momento, e o Disruptions Map é uma ferramenta que vem apresentando-se como simples de aplicar e poderosa nos insights que gera.
Disruptions Map é um tipo de mapa ou modelo que ilustra as tendências e as forças disruptivas em uma determinada indústria ou setor, na forma se assemelha com o mapa mental, mas são essencialmente diferentes. O objetivo é ajudar as empresas a entender as ameaças e oportunidades em seu ambiente de negócios e a tomar decisões estratégicas informadas.
A origem exata do termo "Disruptions Map" não é conhecida, mas a ideia de visualizar as tendências disruptivas em um setor ou indústria para ajudar a compreender as ameaças e oportunidades para as empresas é amplamente utilizada e estudada na área de gestão de negócios. Alguns dos primeiros modelos de Disruptions Map foram desenvolvidos por consultores e especialistas em estratégia empresarial, enquanto outros foram criados por pesquisadores acadêmicos. A popularidade do conceito de Disruptive Innovation, popularizado por Clayton Christensen, também contribuiu para o crescimento do uso de mapas de disrupção como ferramentas de análise e tomada de decisão.
As implicações das diferentes forças disruptivas são colocadas e analisadas no Disruptions Map por meio de uma combinação de dados quantitativos e qualitativos.
Aqui estão algumas das técnicas comuns que geralmente são combinadas para o entendimento das implicações das forças emergentes:
Análise de dados: dados quantitativos, como estatísticas de mercado e dados financeiros, são coletados e analisados para entender as tendências.
Entrevistas com especialistas: em diferentes áreas, tecnologia, regulamentação e tendências de mercado, para obter uma visão mais profunda das implicações das forças disruptivas.
Análise SWOT: é realizada para avaliar as implicações para o setor ou indústria em questão.
Modelagem de cenários: são desenvolvidos para avaliar as implicações futuras e criar respostas.
O Disruptions Map é uma ferramenta dinâmica e deve ser revisado e atualizado regularmente para refletir as mudanças no mercado e nas tendências.
Se você está pensando em usar o Disruptions Map na sua empresa o negocio, aqui estão algumas sugestões:
Identificar as forças disruptivas relevantes que podem afetar a indústria da empresa e seus modelos de negócios.
Analisar o impacto potencial dessas forças em seus modelos de negócios atuais e futuros.
Desenhar o Disruptions Map, colocando as forças disruptivas em diferentes categorias e analisando as implicações para os negócios em cada categoria.
Desenvolver estratégias de resposta para as forças disruptivas, incluindo ações para se proteger de ameaças e aproveitar as oportunidades.
Revisar continuamente o mapa e as estratégias de resposta à medida que novas forças disruptivas surgirem e o ambiente mude.
Vejamos um par de exemplos:
Imagine que estamos analisando o mercado de créditos e como as forças disruptivas podem gerar ameaças e oportunidades para a relevância dos modelos de negócios de instituições financeiras tradicionais.
Algumas das forças disruptivas que podem afetar o mercado de crédito nos próximos anos incluem:
Fintechs: As fintechs estão revolucionando o mercado de crédito, oferecendo soluções de empréstimo mais rápidas, acessíveis e personalizadas do que as instituições financeiras tradicionais o que pode significar uma ameaça para um modelo tradicional. Mas por outra parte estão gerando novas oportunidades para o mercado de crédito, ao oferecer soluções de empréstimo inovadoras e acessíveis para segmentos de mercado que antes eram negligenciados pelas instituições financeiras tradicionais.
Inteligência artificial e aprendizado de máquina: As tecnologias de inteligência artificial e aprendizado de máquina estão mudando a forma como as instituições financeiras avaliam o risco de crédito e concedem empréstimos o que pode significar uma ameaça para empresas de análise de riscos. Por outra parte estão aprimorando a precisão e a eficiência na avaliação do risco de crédito, permitindo que as instituições financeiras concedam empréstimos mais precisos e de maneira mais rápida.
Criptomoedas e blockchain: As criptomoedas e a tecnologia blockchain estão mudando a forma como as pessoas pensam sobre o dinheiro e a gestão de ativos, o que pode afetar o mercado de crédito. Por outro lado estão criando novas oportunidades de investimento e novos modelos de negócios para o mercado de crédito.
Regulamentação: A regulamentação crescente do setor financeiro pode afetar a disponibilidade e os custos de crédito para as empresas e consumidores. Mas por outra parte pode criar oportunidades para as instituições financeiras que sejam capazes de atender aos requisitos regulatórios de maneira eficaz e inovadora.
Mudanças demográficas e econômicas: Mudanças demográficas, como a população envelhecida e o aumento da renda, podem afetar a demanda por crédito e as necessidades de financiamento. Mas também podem criar novas oportunidades de financiamento para setores específicos, como imóveis e saúde.
Essas forças disruptivas podem interagir e exacerbar umas às outras, o que também deve ser analisado, as implicações das implicações.
Mais um exemplo para deixar claro como funcionam as forças disruptivas:
As forças disruptivas emergentes no mercado da indústria alimentícia incluem:
Produção agrícola avançada: A produção agrícola avançada, incluindo tecnologias como inteligência artificial, sensores e drones, está aprimorando a eficiência e a sustentabilidade da produção agrícola, criando ameaças de rentabilidade para os negócios menos desenvolvidos tecnológicamente e novas oportunidades de produtividade para a indústria alimentícia.
Alimentos alternativos: A crescente procura por alimentos mais sustentáveis e saudáveis, incluindo proteínas de origem vegetal, está mudando a dinâmica da produção primaria de alimentos, gerando riscos para o agronegócio tradicional no longo prazo e oferecendo novas oportunidades para empresas que forneçam soluções inovadoras e sustentáveis.
Distribuição direta: A tendência crescente da distribuição direta de alimentos, sem intermediários, está mudando a dinâmica do mercado alimentício gerando riscos para o atacado e o varejo, assim como para as empresas fortemente investidas nesses canais, e oferecendo novas oportunidades para as empresas que forneçam soluções de entrega eficientes e sustentáveis.
A combinação dessas forças disruptivas também apresentam ameaças para a indústria alimentícia. Algumas ameaças incluem a intensificação da concorrência, a necessidade de investimentos significativos em tecnologia e infraestrutura, e a pressão regulatória crescente.
Podemos ver que as mudanças não representam em se uma ameaça ou uma oportunidade, mas como as empresas preparam-se para esses cenários vai significar para elas conquistar e manter a relevância ou morrer presas nos seus modelos antigos.
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